03/08/2017
“Fã-clube da ditadura”
por Ademar Traiano
Na
madrugada da última terça-feira, a polícia política do chavismo invadiu
as casas e prendeu com violência dois líderes da oposição na Venezuela,
Antonio Ledezma e Leopoldo Lopes.
O ato,
típico de regime ditatorial, se soma a uma constituinte fajuta, feita
sob medida para estrangular o Poder Legislativo, onde a oposição é
maioria. A Venezuela mergulhou em uma ditadura sem qualquer disfarce.
O
‘Socialismo do Século XXI’, invenção do finado Hugo Chávez, repete como
farsa trágica o malogro dos socialismos do Século XX. Na Venezuela essa
ideologia produziu, entre outros prodígios negativos, transformou o
país, que têm as maiores reservas de petróleo do mundo (31 bilhões de
barris a mais que a Arábia Saudita, 2º colocada), em uma nação de
famintos.
Venezuelanos
atravessam em massa as fronteiras com o Brasil em busca de comida e de
emprego num êxodo bíblico. O Brasil, mergulhado na recessão, parece aos
órfãos do Socialismo do Século XXI uma terra de oportunidades.
Uma
medida da catástrofe da Venezuela: nadando em petróleo o país registra,
em quatro Estados, índices desnutrição infantil de 20% das crianças com
menos cinco anos de idade e a segunda maior taxa de homicídios do mundo.
O índice de assassinatos em Caracas é 14 vezes maior que o de São
Paulo.
A
inflação projetada para este ano é de 2.200%. Em 2016 a economia do país
se contraiu 19%. Centenas de milhares estão saindo do país. O legado do
chavismo: fome, pobreza extrema e desespero. A esse desastre se soma a
violência do regime que produziu 120 mortos em 3 meses de protestos
contra a Constituinte liberticida.
Só quem
não enxerga a catástrofe, porque parece desejar ardentemente reproduzir
aqui o modelo chavista é o PT. A senadora Gleisi Hoffmann, presidente
do partido, escreveu em artigo publicado na Folha de S. Paulo, diz que a
Venezuela é exemplo para o Brasil.
Os
destemperos de Gleisi, que apoia os desatinos criminosos de Maduro,
causaram danos à imagem do Brasil no exterior. No jornal El Pais, a
avaliação é de que “O apoio ao golpe de Nicolás Maduro é a página mais
vergonhosa da história do PT”. Segundo o jornal, depois de mergulhar na
corrupção desenfreada, o partido ameaça, com seu apoio a uma ditadura,
comprometer seu último legado intacto: “o de fazer política à esquerda
comprometido com a democracia”.
É
possível imaginar que as declarações de Gleisi sobre os bolivarianos
sejam pessoais, fruto de um esquerdismo desvairado. Mas essa avaliação é
equivocada. Gleisi chegou a presidente do PT com o apoio de Lula, e o
que diz e faz reflete o pensamento de seu guru.
Aquilo
que os brasileiros e o mundo veem com horror, o PT enxerga com fascínio.
Em recente discurso Lula antecipou o que seria uma plataforma de
governo. “O Brasil precisa de um programa radical no sentido político”. A
Venezuela está experimentando na carne esse radicalismo que o PT aspira
para nós.
* Ademar Traiano é presidente da Assembleia Legislativa e presidente do PSDB do Paraná
Fonte: www.psdb.org.br
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