17/05/2017
“Abandono de animais domésticos”
por Marcello Richa
O Brasil enfrenta uma difícil realidade
relacionada ao abandono de animais domésticos, que tem se acentuado com a
crise econômica que afeta o país. De acordo com pesquisa promovida pela
Organização Mundial da Saúde (OMS), já existem mais de 30 milhões de
cães e gatos abandonados no país, um dado alarmante que reflete uma
negligência nos cuidados com os animais domésticos e um problema sério
de saúde pública.
São diversas situações que ampliam os desafios
para enfrentar essa realidade. Em termos individuais, temos que começar
do básico que é reconhecer a responsabilidade que assumimos ao decidir
ter um animal doméstico, uma vez que estamos falando de um ser vivo que
precisa de atenção, cuidados, afetividade e planejamento, tanto
financeiro quanto pessoal.
A criação de um animal doméstico exige que seja
oferecido um ambiente adequado para seu desenvolvimento, bem como um
comprometimento constante com os cuidados de acordo com as
características de cada raça. Vale ressaltar que Pesquisa Nacional de
Saúde (PNS 2013) indicou que 25,6% dos lares com cães e gatos não tinham
dado a vacina de imunização contra a raiva um ano antes (vacina que
deve ser feita anualmente).
Já em um âmbito mais amplo, o enorme número de
animais domésticos abandonados gera um problema de controle de
natalidade de cães e gatos que se agrava a cada ano. Pesquisa promovida
pela Universidade de São Paulo (USP) apontou que a população de
cachorros apresenta um crescimento de 6% ao ano, enquanto a de gatos
cresce 12% ao ano.
Os números acentuam a importância do trabalho de
controle de natalidade dessas raças tanto no aspecto humanitário quanto
de saúde, uma vez que sem os cuidados apropriados eles podem transmitir
doenças, vasculhar e espalhar lixo e servir como hospedeiros de
enfermidades. No Paraná em particular, que é o estado que apresenta o
maior número de domicílio com cachorros do país, a atenção precisa ser
redobrada.
Nos últimos anos o poder público em todas as
esferas e entidades de proteção animal fortaleceram o trabalho em
conjunto para reverter esse quadro. Novas legislações, como a recente
Lei n.º 13.426, que cria uma política de controle de natalidade de cães e
gatos, e ações e programas que visam à adoção, registro, microchipagem e
esterilização gratuita têm apresentado avanços importantes nos
municípios.
Ainda temos um longo percurso pela frente, uma
vez que é perceptível que falta estrutura e, especialmente, fiscalização
em relação aos crimes contra os animais, cujas penas no Brasil são
brandas e geralmente revertidas em multas ou trabalhos voluntários.
Enraizar uma cultura de respeito e cuidado com os animais domésticos
exige que todos nós façamos parte desse processo, batalhando por
melhorias, denunciando maus-tratos e disseminando informações para
estimular a guarda responsável.
* Marcello Richa é presidente do Instituto Teotônio Vilela do Paraná (ITV-PR)
Fonte: www.psdb.org.br
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