ELEITORES BRASILEIROS DESDE 2002

ELEITORES BRASILEIROS DESDE 2002

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segunda-feira, 20 de julho de 2015


POR FAVOR, CREIAM EM MIM...
Parte 1

Ela era toda linda, toda formosa e toda cheirosa. Eu era o Tarzan e ela era a Jane. Eu a segurei com um dos braços e com o outro me pendurei num cipó e descemos juntos da árvore até uma pequena clareira à beira de um riacho. A relva era macia. Eu era eu mesmo, e ela era a Miss Brasil... ah! Meu Deus... a Miss Brasil. Eu "armei o bote" e já ia aplicar o que na minha concepção seria o beijo mais longo, bem dado e gratificante do século, quando uma infeliz qualquer berrou com toda a força dos pulmões no meu ouvido esquerdo.
Custei a entender o que estava acontecendo. Vinha de São Paulo, tinha ido visitar meu tio e passar umas pequenas férias na casa dele. No começo não queria ir, mas tanto minha mãe insistiu que eu fui.
_ Vá ver seu tio, Davi... ele escreve constantemente perguntando por você...
_ Mas mãe...
_ Vá, Davi, é seu tio... _ E o Davi, que sou eu, terminou indo.
Fui contrariado e voltei contente. Minha mãe tinha razão, meu tio era ótimo anfitrião e eu conheci muita coisa em São Paulo de que não sabia da existência. O mês era Janeiro e as minhas férias na escola, eu era secundarista, coincidiam com as minhas outras férias na porcaria de emprego que eu tinha: Eu era office-boy. Da escola eu estava livre até Março, mas do trabalho... Esse, começaria dois dias depois da minha viagem de volta pra casa. Por esse justo motivo eu viajava com um pouco de raiva, pois durante Janeiro, passeando em São Paulo, descobri como é bom não trabalhar e ter todos os dias da semana para fazer o que bem entendesse. Ter que aturar a certeza de recomeçar a trabalhar quando chegasse ao Rio de Janeiro, que era a cidade onde eu morava, era duro demais, por isso eu me acomodei muito bem na poltrona do ônibus e ferrei no sono.
Eu havia dormido a viagem toda, e sinceramente não sabia em que ponto do itinerário São Paulo-Rio o ônibus se encontrava quando aquela mulher berrou histericamente no meu ouvido. Eu estava sonhando com a Miss Brasil, um sonho lindo, e aquela imbecil e distinta senhora me acordou na melhor hora com aquele guincho... custei a entender o que estava acontecendo... todas as pessoas no ônibus, todos os passageiros, agiam como malucos, berrando e gesticulando tal e qual a mulher que me acordou. Olhei pela janela totalmente apatetado com a situação absurda que estava instalada no coletivo. Era noite quando acordei. Tudo estava escuro lá fora e do lado de dentro as mulheres berravam, e pediam socorro, e aí então pensei ter compreendido a confusão, pois o ônibus corria muito e o motorista parecia ter perdido a direção. Devia ser isso, estávamos descendo uma serra sem freios, o ônibus chacoalhava a cada curva e eu já podia adivinhar os precipícios na escuridão da estrada. Levantei assustado e ouvi alguns homens que gritavam para o motorista correr mais, e aí, fiquei mesmo sem entender nada: Se estávamos sem freios, por que é que mandavam que o motorista corresse mais? Ele gritou assustado:
_ O motor parou! O motor parou!
No mesmo instante as luzes do ônibus se apagaram, depois tornaram a acender e o motor voltou a funcionar. Como se tudo fosse um pisca-pisca lento, a coisa prosseguiu. Olhei novamente pela janela e entre os gritos pasmados das pessoas vi o que pensei ser o dia amanhecendo instantaneamente. Numa fração de segundos tudo ficou claro a nossa volta e podíamos ver a estrada, as árvores e o precipício em que o ônibus acabara de se projetar. Vi toda a minha vida e todos os meus entes queridos de uma só vez na lembrança... Aí, tudo ficou escuro de novo e o ônibus pareceu cair interminavelmente. Isso se deu em menos de um minuto desde que acordei até a queda. Instintivamente, quando senti a queda, eu fechei os olhos, e quando tornei a abri-los pensei que devia deixa-los fechados para sempre.

POR FAVOR, CREIAM EM MIM...
Parte 2

O ônibus estava parado e atravessado na estrada, ocupando as duas pistas. Estava distante poucos metros do local onde havia caído, arrebentando a grade protetora que continuava arrebentada. O silêncio era total na estrada. Dentro do ônibus todos estavam mudos de medo, de susto e por não se entender nada do que acontecia naquele instante. Todos viram o ônibus sair da estrada, quebrar a grade protetora e despencar no barranco, Todos nós estávamos dentro do ônibus e devíamos estar lá no fundo do precipício, mortos, mas estávamos na estrada, com os motores parados e com as luzes acesas.
O motorista foi o primeiro a falar; perguntou abismado o quê estava se passando conosco.
_ É impossível!! _ Repetia_ É impossível!
uma mulher deu um grito e a que estava do meu lado desmaiou, um homem semi-louco chamava por Deus, uma criança chorava e eu queria ainda entender tudo aquilo. Era uma loucura. Eu não sabia sequer, por que  o ônibus corria tanto antes de cair. Sacudi a passageira vizinha a mim, mas ela continuava sem sentidos. Todos saíam do ônibus apressados, com medo de alguma coisa que eu não tinha visto porque estava dormindo, e isso era a causa do medo e do espanto de não estarmos mortos, acabados. Tudo se misturou na minha cabeça e eu entrei em pânico. Saí do ônibus também e agarrei o motorista pela camisa, não que eu o quisesse agarrar, mas ele foi o primeiro que vi, podia ser qualquer outro, queria mesmo era a resposta daquilo tudo. Será que eu estava louco? Morto? Sonhando?
_ O quê aconteceu?
_ A coisa...
_ Quê coisa?
_ ...A coisa... voando... o ônibus...
_ Fale direito, cara! Quê coisa voando?
_ A luz... Foi horrível... meu Deus, foi horrível!
O motorista estava histérico, e pelo jeito eu ia ficar assim também se não descobrisse logo o que havia acontecido.
O ônibus ficou vazio, atravessado na pista. Não tinha passado um carro até então, e se passasse poderia na certa se chocar com o coletivo. Ninguém que estivesse dirigindo naquela estrada à noite iria imaginar um ônibus enviesado, parado numa curva. Quando percebi o perigo da situação, gritei para o motorista tirasse o carro dali, mas ele não me ouvia, só ficava repetindo "... a coisa... a coisa..." Perguntei para os outros passageiros se alguém sabia dirigir um ônibus, mas todos estavam em estado de choque. Talvez eu fosse o mais lúcido por não ter visto o que eles viram antes de caírmos. Mas, droga, se caímos, devíamos estar mortos... eu também já estava meio maluco. Olhei a grade destruída e vi que não teria respostas imediatas para nada, talvez nunca tivesse. Subi no ônibus, tomei o assento do motorista, e tentei tirá-lo dali, mas me lembrei que não sabia dirigir assim que peguei no volante. Desci e gritei para que todos se afastassem, pois era perigoso ficar ali no meio da estrada. Tínhamos que manter a calma e isso tinha se tornado impossível. Ninguém me deu atenção.
De um lado, um paredão montanhoso, do outro, um abismo. No meio, uma estrada e na estrada um ônibus e várias pessoas. Algumas rezando, outras mudas ou chorando. O quadro geral era esse. Tentei me refazer do susto. O céu estava cheio de estrelas, e poucas vezes eu tinha visto um céu tão bonito quanto aquele. Por um  instante me esqueci do que estava acontecendo, mas foi só por um instante. tudo ficou claro de repente, como se um farol nos tivesse atingido, da mesma forma que ficou antes do ônibus cair. Era como se o sol brilhasse em pleno dia sobre nós. Ouvi uma espécie de vibração sônica, o chão tremeu e as mulheres recomeçaram a gritar. Ninguém saiu do lugar, estávamos todos parados olhando para aquilo que eu só poderia definir como " a coisa que os outros viram no ônibus e eu não."
Era imensa a visão que eu tinha, parecia um avião  pairando sobre nós. A luz que nos envolvia vinha da coisa. Era uma espécie de farol que a coisa tinha na parte debaixo. eu não conseguia raciocinar nada naquele instante, mas um nome me veio à boca sem que eu fizesse força para isso, talvez por associação ou reflexo vocal, eu disse o que acharia absurdo, bobo e infantil de se dizer naquela hora se estivesse calmo.
_ ... Disco-voador...
É, foi isso que eu disse, pois só podia ser para isso que eu e os outros passageiros do ônibus estávamos olhando, totalmente apatetados.
Daí em diante, qualquer maluquice era pouco pra mim. Uma mulher gritou, só que desta vez junto com todos, inclusive eu, pois uma carreta acabava de entrar na curva com velocidade suficiente para jogar o ônibus no precipício novamente. algumas pessoas estavam no meio da pista e foram atropeladas pelo caminhão que mal teve tempo de frear, e se chocou com o ônibus explodindo, enquanto caíam os dois no precipício. Eu fiquei agarrado no paredão vendo toda a cena, e a luz da coisa continuava o tempo todo sobre nós, tudo estava claro como o dia e tinha sangue pela estrada. Olhei para cima e a "coisa" parecia estar mais baixa, a vibração transformou-se em zunido e o chão não tremia mais. Fazia muito calor, a luz ficou quente, e eu estava apavorado com tudo. Vi uma única mulher berrando em estado de choque, mas não ouvia sua voz pois o zunido tinha ficado mais forte e insuportável, abafando qualquer outro som. Levei as mãos aos ouvidos e gritei para que tudo aquilo parasse. Um corpo mutilado foi projetado na colisão e caiu no chão perto de mim. Senti um forte susto seguido de náuseas quando o vi, depois, não sei mais nada, acho que desmaiei.

POR FAVOR, CREIAM EM MIM...
Parte 3

Quando eu acordei, descobri que estava completamente maluco, só podia estar. Eu me encontrava nu, completamente nu, no meio de um deserto. O sol forte me queimava a pele e só havia areia por todos os lados. Perguntei ao berros para Deus o quê estava acontecendo comigo. Onde eu estava? Que lugar era aquele? E o ônibus? A estrada? A coisa voando? As pessoas? Minhas roupas? Eu já havia me convencido de que morrera na queda do ônibus, naquele abismo... O resto foi sonho, pensei, deve ser isto que vemos ao morrer... coisas que voam, desastres, desertos... Eu estava morto. Era isso. Eu estava morto! Meu Deus! Socorro!... Saí correndo e chamando por alguém, por ajuda, nu, num deserto, como Adão. Fechei os olhos, chorei e me ajoelhei para rezar, e quando tornei a abrí-los vi que continuava nu, só que... numa selva!
Esconjurei, blasfemei e xinguei. Todos os santos, todas as religiões. Tudo o que existia na face da Terra eu xinguei de uma só vez. Desafiei a deus e ao Diabo, se é que existissem, para me darem uma droga de resposta. Eu estava numa selva, no meio do mato, nu, e as aves cantavam, e eu já ria e gargalhava sozinho e chorava também... e quando dei por mim, estava em São paulo, no meio da rua, mas as pessoas não me notavam, apesar da minha nudez... Fechei os olhos e chorei, pedi que me tirassem dali... quê pesadelo era aquele?
Quando abri os olhos, uma mulher estava diante de mim. Ainda estava nu, mas dessa vez, deitado no que parecia ser uma cama. A mulher me olhava nos olhos e seu olhar me passava paz e calma. Não sabia explicar, mas fui atacado por um sono incrível e tive que dormir.
Não vi mais desertos, selvas ou cidades, apenas dormi, sem querer mais as respostas.

POR FAVOR, CREIAM EM MIM...
Parte 4

_ Davi! Davi! Acorda Davi! Você vai chegar atrasado ao trabalho, menino, será que nestes dezoito anos de vida você só aprendeu a dormir? Cruzes, parece uma pedra... Acorda Davi, acorda!
Eu parecia um navio sem leme e minha mãe parecia um mar de ressaca.
Ela me chamava, falava do meu emprego e me sacudia. Todas as manhãs era aquela porcaria de rotina; levantar cedo para ir trabalhar.
Quem inventou o trabalho? Eu pensava... Me matava para no fim do mês ter um salário mixuruca... Sinceramente, eu não sabia de onde minha mãe tirava disposição para acordar antes de mim todo dia. Se ela não me chamasse, eu não ia trabalhar.
Não havia despertador no mundo melhor que a minha mãe... era cada sacudida, que por muito pouco eu não caía da cama...
_ Tá legal mãe, eu já ouvi... já levantei, tá legal... _ Disse isso e me sentei na cama.
_ Se arrume, que eu vou pôr o café na mesa enquanto você lava essa cara de sono... você dorme demais, Davi...
A minha mãe saiu do quarto e eu fiquei ainda sentado na cama, sem a menor vontade de levantar-me e ir trabalhar. Até então eu estava sonolento e não percebera uma coisa muito interessante:
Como é que eu tinha ido parar ali???
Eu estava em casa...
Saltei da cama e ainda de cuecas fui perguntar para a minha mãe em que dia estávamos.
_ Está maluco, menino? Hoje é segunda-feira.
_ Segunda???
_ É, segunda, dois de Fevereiro, e ontem foi Domingo, dia primeiro, suas férias no emprego terminaram ontem e hoje você recomeça a trabalhar... Agora, vá se vestir que você está indecente só de cuecas.
"Segunda-feira", murmurei. Não era possível... O quê estava acontecendo comigo???
Um turbilhão de imagens logo invadiu a minha mente, pois eu não me lembrava de como tinha ido parar em casa. Só lembrava da viagem de São Paulo para o Rio que havia feito na sexta-feira. Mas a viagem não terminou, não que eu soubesse...
Vi aquela coisa voadora na minha mente, vi a luz, o ônibus, a carreta, o choque, as pessoas em pânico, a queda do ônibus que não aconteceu, vi até o sonho com a Miss Brasil em que eu era o Tarzã...
_ Meu Deus! O quê aconteceu??? E a selva??? O deserto??? A minha nudez??? A mulher que me olhava!?!?
_ Do quê você está falando, Davi?_ Indagou a minha mãe _ Endoidou?
Fiquei de pé, seminu, na frente da minha mãe, recordando abobalhado as coisas que eu achava sérias, fatos muito reais para fazerem parte de um sonho.

Continua...

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