quarta-feira, 9 de dezembro de 2015
NOTAS ETÍLICAS BACANAS:
OS APELIDOS E OS TRUQUES DA CERVEJA ESTUPIDAMENTE GELADA
A postos no balcão do Bar da Portuguesa, em Olaria, Paulinho Gomes, filho de Donzília, a dona, dá um confere nas cinco geladeiras da casa de dois em dois minutos. É dele a responsabilidade de servir "uma das cervejas mais geladas do Rio". Ele lembra, que, no dicionário popular dos botecos, elas atendem por "canela de pedreiro", "capa branca", "véu de noiva", "mofada" e "cu de foca". Para isso, cuida, como se fosse um bebê, do estoque de bebidas da casa, desde a chegada dos engradados, ainda quentes, até a mesa dos clientes.
_ A logística é comigo. Primeiro guardo e monitoro os 200 engradados que cabem no estoque. Depois, encho as geladeiras com sete caixas cada, uso duas e deixo as outras três trancadas a chav _explica Paulinho.
O segredo para manter os rótulos de Brahma, Antarctica, Original, Bohemia e Heineken estupidamente gelados é proibir o abre-e-fecha de portas.
_ Quando a cerveja fica "mofada" no refrigerador, não está certo, é sinal de que vai congelar. A garrafa só fica coberta com aquela capa branca no minuto em que sai da geladeira e vai para a mesa. É o contato com o ar quente que dá esse efeito _explica.
Outro boteco que ostenta a fama de servir garrafas "perna de pedreiro" (alusão à poeira das obras), como chamam os funcionários da casa, é o Plebeu, em Botafogo. Lá, um funcionário fica em função dos oito congeladores do bar.
_ Temos um copeiro que toma conta dos freezers, que ficam ligados dia e noite na temperatura de dois e três graus negativos_ explica o gerente Arthur Boubli, que calcula a saída semanal de cervejas: 150 engradados.
Em Copacabana, o gerente do Ziza Bar Antônio Feijão, diz que não existe truque para servir a cerveja "véu de noiva", como os clientes que bebem no balcão costumam chamar.
_ É a experiência. Não vou dizer que nunca erramos, porque já deixamos as cervejas de uma geladeira toda congelarem _assume Zé.
O chope e a cerveja de garrafa do Cachambeer, no Cachambi, são "tão gelados que doem os dentes". Quem faz propaganda é o dono, Marcelo Novaes:
_ Se minha cerveja estiver quente, eu fecho a birosca e pago a conta em outro lugar.
Um dos autores do livro "Memória Afetiva Do Botequim Carioca", lançado esta semana, Zé Octávio Sebadelhe elege o Simpatia do Leblon e o Bar Legionário em Copacabana, como os botecos que servem cerveja estupidamente gelada.
_ "Mofada" é uma gíria baiana_ explica Zé._ No verão, em função do calor, sobressaem os bares que têm cerveja coberta de "mofo".
Por Carolina Ribeiro.
Fonte: REVISTA O GLOBO 06/12/2015
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