ELEITORES BRASILEIROS DESDE 2002

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sexta-feira, 7 de agosto de 2015


POR FAVOR, CREIAM EM MIM...
Parte 7

Uma das coisas que fiz questão de aprender, assim que senti a aproximação dos dezoito anos, foi dirigir um carro. Mas foi só questão que eu fiz, porque para começo de conversa, eu não tinha dinheiro para tomar aulas de direção e muito menos dinheiro para comprar um carro. Só que eu precisava de um automóvel e respectivamente de um motorista para levar-me onde queria ir. Tinha que voltar ao local do acidente, tentar achar uma pista, ou sei lá, qualquer besteira, por menor que fosse, que me ajudasse a penetrar em todo aquele mistério. Não sei por que, eu tinha a impressão de encontrar lá, a mulher que eu vi gritando em desespero. É claro que seria a maior sorte da minha parte se a encontrasse no exato dia em que eu fosse.
Pode parecer mentira, mágica, fantasia impossível... mas eu a encontrei.
Já se havia passado duas semanas desde o início do meu pesadelo, e eu já me encontrava a caminho do local do acidente, juntamente com um amigo, que consegui, a custa de muito "papo", fazer com que me levasse até lá. Éramos nós dois e um Fusca na estrada.
_ Você tá maluco, cara!
_ Todo mundo me diria isso, se eu contasse o que te contei.
_ Você sonhou.
_ Então por que é que você concordou em me trazer de carro, se você acha que eu sonhei?
_ Só pra te ver quebrar a cara...
Que motorista chato eu tinha arrumado, mas era o único, não tinha condição de escolher.
Não sabia explicar como, mas o fato, é que eu tinha a certeza de encontrar a mulher que me seria consolo para tudo, na estrada, fazendo o mesmo que eu; procurando respostas. Talvez isso fosse telepatia, força da mente, pois afinal, eu e ela passamos por mal pedaços juntos, e em nossa agonia, fomos levados inconscientemente, a procurar o mesmo lugar, no mesmo dia.
_ É aqui. Pare o carro.
_ Não posso, não tem acostamento. Vou subir mais um pouco a serra, para ver se encontro um, e depois voltamos a pé, rente ao paredão.
Concordei com a cabeça, sem nem sequer saber o que fazia, pois meus olhos estavam grudados no abismo. A marcha do Fusca era lenta, e eu olhava admirado a altura, a beleza da paisagem. Era difícil imaginar uma situação tão feia quanto a que passei, num lugar que achei horrível à noite, e lindo de dia. Passamos pela grade de proteção que já havia sido consertada, mas guardava as marcas do concerto ainda. Senti um arrepio naquela hora. Meu amigo rodou em marcha lenta por mais um minuto, e aí vimos um acostamento, junto ao paredão, na mão de descida da estrada. O acostamento era largo e devia servir de ponto de parada para os motoristas, pois tinha uma bica de água, dessas que se puxa de pequenas nascentes. Fizemos a volta e estacionamos o Fusca. Íamos voltar a pé, até o local, eu, para tentar a solução, e, o meu digníssimo motorista para ver a paisagem.
A medida que caminhava, me achava mais ridículo. A cada passo dado em direção a curva-fatal, eu tinha mais certeza de que não teria respostas para a coisa-voadora,, para o ônibus caindo, para o deserto, para coisa nenhuma. Já estava convencido de ser um louco, e agora só faltava me convencer de que era um idiota.
A vista da estrada era linda, e eu, ia pensando se aquela mulher iria mesmo aparecer. Meu amigo, na minha frente, assobiando "As Curvas da Estrada de Santos", estava adorando o passeio. Chegamos a curva, e ficamos lá por mais de quinze minutos, do outro lado da grade, numa faixa, não muito estreita, de terra que antecipava o precipício. Meu motorista passeava. Descia mais na estrada, subia, tornava a descer, pegava um raminho de capim e mordia, jogava fora, pegava outro, enfim: estava fascinado com a beleza do local. Eu fiquei parado, olhando a garganta que havia tragado o ônibus, depois olhava para o céu e baixava os olhos para o precipício novamente...
_ Este lugar é muito bonito_ Disse o meu amigo.
_ É... muito bonito... mas, vamos embora...
_ Mas, já? e as suas respostas? Achou?
_ Não. Vamos embora,  tá?
_ Tá legal, tá legal...
Eu era mesmo um idiota. Tudo que consegui naquele lugar, foi me atormentar.  Cada vez mais, aquela bosta de disco-voador se tornava sem explicação.
Estava tão contrariado com meu mistério, que nem notei que haviam dois carros no acostamento quando chegamos. Um era nosso Fusca e o outro um Fuscão novinho. Meu amigo falou:
_ Olha só a dona que está saindo daquele carro. Que mulherão!
Eu olhei e vi uma mulher ainda jovem, muito bonita, que devia ter uns vinte e sete anos, por aí. Era mesmo muito bonita, mas não foi por isso que eu sorri para ela com todos os meus dentes. Eu estava vendo a pessoa que procurava.
Se foi telepatia, não sei. Ela também voltou ao local do acidente, quem sabe, para procurar as mesmas respostas que eu.
Fiquei sorrindo feito uma besta, pois a mulher não me deu bola. Então, lembrei-me que eu a vi, mas que ela não tinha me visto pois estava assustada com a coisa e com o desastre, e apesar de viajarmos no mesmo ônibus, não éramos obrigados a nos conhecermos, nem de vista.
_ Moça! Moça!_ Ela me olhou assustada, pois eu ia rápido ao seu encontro.
_ Que é?
_ Moça, eu a procurava desde o acidente. Vim aqui para isso. Eu também estava no ônibus... e vi aquela coisa...
Ela me olhou como se eu tivesse dito a coisa mais feia do mundo, ficou muito perturbada e tratou de entrar novamente no carro.
_ Moça! Eu não terminei... não vá... eu preciso da sua ajuda!
Mas foi inútil. Ela arrancou com o carro e me deixou falando sozinho. Berrei para o meu amigo para que ele a seguisse de carro e ele fez piada:
_ Já tá parecendo filme de agente secreto...
_ Anda logo, droga!!!
_ Tá bom...
Tinha compreendido muito tarde, que eu fui precipitado. A minha ansiedade era muita e terminei por assustar a mulher. Ela devia, como eu, estar escondendo dos jornais toda a história que realmente acontecera. Na certa, ela também chegou em casa sem saber como, e esteve no deserto, e na selva, e agora tinha medo de tocar no assunto.
_ Tem certeza que é ela?_ Perguntou meu companheiro, ligando o motor.
_ É claro! Pise nesse acelerador, cara! Ela vai descer a serra em direção ao Rio. Nós vamos pegá-la!
_ E se não for ela? Do jeito que você a abordou, pode ter pensado que éramos bandidos e fugiu.
_ Era ela, cara! Era ela!
O nosso Fusquinha chispava na pista, e logo vimos o carro da moça, mais abaixo, em alta velocidade.
_ Corre, cara, corre!...
_ Não dá. Isto aqui é uma lata-velha, além do mais, é perigoso.
_ Corre, seu merda! Ela vai fugir!
Não sabia como, mas o carro da mulher sumiu entre as curvas, de repente, e não poderia estar a tanta velocidade. Só fui entender porque ele sumira no trajeto, que se via de cima da serra, onde estávamos, quando o Fuscão que a mulher dirigia reapareceu na nossa frente. Estava amassado em outro carro, no meio da pista, numa curva fatal. Meu motorista freou, rodopiamos e fomos parar bem em cima dos dois acidentados. Com o choque, nosso Fusca, que já vinha freando, parou bruscamente, todo amassado e jogou, devido ao impacto, as duas latarias, do Fuscão e do outro acidentado, no precipício.
O que aconteceu, foi que o acidente da mulher que perseguíamos, salvou minha vida, ao mesmo tempo que tirava a última chance de eu descobrir o quê realmente aconteceu naquela noite de Janeiro.
Meu amigo ficou muito ferido e faleceu dias depois num hospital. Quando as autoridades me perguntaram o que houve, eu disse que vínhamos descendo a serra, quando demos com um desastre pela frente. Foi só o tempo de frear, e com o choque, nosso Fusca empurrou os outros dois automóveis e parou milagrosamente à beira do abismo. Essa foi a versão exata do acidente. Somente omiti que conhecia a motorista de um dos carros. O legista disse depois que eu era o único sobrevivente de um tipo de acidente que acontece muito nas serras.
_ Não deve se preocupar agora_ Disse ele_ Só dar graças a Deus. Dias atrás, um ônibus cheio de pessoas caiu próximo dali com um caminhão. Imagine se você estivesse no ônibus...?
Tive vontade de chorar, e chorei. Dois acidentes iam rondar minha cabeça pelo resto da vida. Nos dois eu saíra com arranhões, enquanto pessoas ao meu lado morriam. Por que? Por quê? Eu não tinha respostas, e ficaria sem elas, até quando o destino quisesse.

Continua...

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